As
discussões em torno da validade da missão de reparo
do telescópio Hubble, anunciada esta semana pelo Administrador
da NASA, acabaram por gerar muitas conversas sobre o tema. Em
uma dessas oportunidades, nosso assunto aqui no escritório
dos astronautas convergiu para a existência, ou não,
de vida extraterrestre.
A NASA apresenta, em documento oficial sobre seus principios para
exploração interplanetária, a seguinte afirmação:
“Exploration
of the solar system and beyond will be guided by compelling questions
of scientific and societal importance. NASA exploration programs
will seek profound answers to questions about the origins of our
solar system, whether life exists beyond Earth, and how we could
live on other worlds.”
Em português:
“A exploração dentro e fora do sistema solar
será guiada por questões de importância científica
e social. Os programas de exploração da NASA procurarão
por respostas às questões sobre as origens do nosso
sistema solar, se existe vida além da Terra e como poderemos
viver em outros planetas.”
Esse
documento (NASA Vision), disponível no website www.nasa.gov,
e seus princípios são fatos conhecidos por todos.
Importante ressaltar que o sentido de procura de vida extraterrestre
referido não significa a ratificação de qualquer
possível evento histórico ligado a OVNIs (Objetos
Voadores Não Identificados) ou mesmo a procura específica
de vida inteligente.
Refere-se tal procura a qualquer sinal de vida atual ou passada.
Pode ser uma bactéria, um fóssil, até mesmo
homenzinhos verdes de olhos grandes e boca pequena. Qualquer vida
encontrada seria um grande “gol”, especialmente se
for inteligente!
Aliás, essa procura por vida inteligente povoa os sonhos
e projetos de muita gente. A sigla SETI (Search for Extraterrestrial
Intelligence – Busca por Inteligência ExtraTerrestre)
representa esse esforço que, de certa forma, perdura já
há muito tempo.
Nós, humanos, “populamos” os céus da
nossa mente com todos os tipos de seres de outros planetas. De
pacíficos “Ets” até terríveis
“Aliens”, passando por Varginha e Roswell, de algum
modo, eles sempre estão entre nós.
Durante algum tempo, no século XIX, pessoas acreditavam
que o interior do Sol era habitado por criaturas inteligentes!
Contudo, a procura por vida inteligente fora da Terra teve, na
verdade, o primeiro grande impulso no final da década de
50. Talvez motivado pelo início da corrida espacial, um
grupo de cientistas se reuniu no Observatório de Green
Bank, no Estado da Virgínia, nos Estados Unidos, para discutir
possibilidades de detectar a presença de vida extraterrestre.
Dessa reunião surgiu a famosa equação de
Drake, que especula que o número provável de civilizações
extraterrestres no universo tentando comunicar-se conosco nesse
exato momento pode ser calculado segundo uma expressão
matemática que leva em conta vários fatores como:
o número de estrelas no universo, a probabilidade da estrela
ter planetas, o número de planetas, por estrela, capazes
de sustentar vida, etc.
Colocando valores estimados para as variáveis, eles calcularam
que podem existir literalmente milhares de formas de vida inteligente
“lá fora”.
Aqui no nosso sistema solar, a idéia de vida extraterrestre
viajou muito entre Marte, Vênus, e algumas grandes luas.
Sondas não tripuladas nunca trouxeram boas notícias
nesse sentido. Vênus é um inferno comprimido, Marte,
apesar de muitas controvérsias, ainda não revelou
concretamente nenhuma indicação de que temos, ou
tivemos, vizinhos. O cenário é um grande deserto.
Buscas por sinais de rádio também não revelaram
nada ainda.
Desanimamos? De forma alguma. Quando perguntado sobre o assunto,
costumo dizer que o nosso conhecimento do universo é ainda
muito pequeno. É como se tivessemos feito uma experiência
e tivéssemos apenas alguns pontos de teste como resultado,
todos dentro de um intervalo muito pequeno de valores. Podemos
construir uma curva para representar esses resultados naquele
pequeno intervalo, mas extrapolar essa curva para outros valores
distantes do nosso intervalo de teste seria um erro grosseiro.
Assim, o fato de ainda não termos encontrado vida no pequeno
“intervalo” que “testamos” do universo,
não nos permite extrapolar essa conclusão para o
imenso restante desconhecido.
Conhecer mais e mais. Explorar o desconhecido. Essas são
coisas que motivam os desejos mais intrínsecos do ser humano:
superar seus limites. Temos ainda muito o que aprender. Isso levará
muitos...muitos anos. A idéia do nosso curtíssimo
tempo de vida na escala universal também não nos
dá muita esperança de conseguirmos testemunhar um
possível contato entre humanos e outra civilização
inteligente. Mas, por tudo que importa, por que não tentar?
A
reprodução deste artigo é permitida
desde que seja na íntegra e que seja citada a fonte:
www.marcospontes.net |