DE OLHO NO ESPAÇO - EXTRATERRESTRES

Marcos Pontes
29/10/2006

As discussões em torno da validade da missão de reparo do telescópio Hubble, anunciada esta semana pelo Administrador da NASA, acabaram por gerar muitas conversas sobre o tema. Em uma dessas oportunidades, nosso assunto aqui no escritório dos astronautas convergiu para a existência, ou não, de vida extraterrestre.
A NASA apresenta, em documento oficial sobre seus principios para exploração interplanetária, a seguinte afirmação:

“Exploration of the solar system and beyond will be guided by compelling questions of scientific and societal importance. NASA exploration programs will seek profound answers to questions about the origins of our solar system, whether life exists beyond Earth, and how we could live on other worlds.”

Em português: “A exploração dentro e fora do sistema solar será guiada por questões de importância científica e social. Os programas de exploração da NASA procurarão por respostas às questões sobre as origens do nosso sistema solar, se existe vida além da Terra e como poderemos viver em outros planetas.”

Esse documento (NASA Vision), disponível no website www.nasa.gov, e seus princípios são fatos conhecidos por todos. Importante ressaltar que o sentido de procura de vida extraterrestre referido não significa a ratificação de qualquer possível evento histórico ligado a OVNIs (Objetos Voadores Não Identificados) ou mesmo a procura específica de vida inteligente.
Refere-se tal procura a qualquer sinal de vida atual ou passada. Pode ser uma bactéria, um fóssil, até mesmo homenzinhos verdes de olhos grandes e boca pequena. Qualquer vida encontrada seria um grande “gol”, especialmente se for inteligente!
Aliás, essa procura por vida inteligente povoa os sonhos e projetos de muita gente. A sigla SETI (Search for Extraterrestrial Intelligence – Busca por Inteligência ExtraTerrestre) representa esse esforço que, de certa forma, perdura já há muito tempo.
Nós, humanos, “populamos” os céus da nossa mente com todos os tipos de seres de outros planetas. De pacíficos “Ets” até terríveis “Aliens”, passando por Varginha e Roswell, de algum modo, eles sempre estão entre nós.
Durante algum tempo, no século XIX, pessoas acreditavam que o interior do Sol era habitado por criaturas inteligentes!
Contudo, a procura por vida inteligente fora da Terra teve, na verdade, o primeiro grande impulso no final da década de 50. Talvez motivado pelo início da corrida espacial, um grupo de cientistas se reuniu no Observatório de Green Bank, no Estado da Virgínia, nos Estados Unidos, para discutir possibilidades de detectar a presença de vida extraterrestre. Dessa reunião surgiu a famosa equação de Drake, que especula que o número provável de civilizações extraterrestres no universo tentando comunicar-se conosco nesse exato momento pode ser calculado segundo uma expressão matemática que leva em conta vários fatores como: o número de estrelas no universo, a probabilidade da estrela ter planetas, o número de planetas, por estrela, capazes de sustentar vida, etc.
Colocando valores estimados para as variáveis, eles calcularam que podem existir literalmente milhares de formas de vida inteligente “lá fora”.
Aqui no nosso sistema solar, a idéia de vida extraterrestre viajou muito entre Marte, Vênus, e algumas grandes luas. Sondas não tripuladas nunca trouxeram boas notícias nesse sentido. Vênus é um inferno comprimido, Marte, apesar de muitas controvérsias, ainda não revelou concretamente nenhuma indicação de que temos, ou tivemos, vizinhos. O cenário é um grande deserto. Buscas por sinais de rádio também não revelaram nada ainda.
Desanimamos? De forma alguma. Quando perguntado sobre o assunto, costumo dizer que o nosso conhecimento do universo é ainda muito pequeno. É como se tivessemos feito uma experiência e tivéssemos apenas alguns pontos de teste como resultado, todos dentro de um intervalo muito pequeno de valores. Podemos construir uma curva para representar esses resultados naquele pequeno intervalo, mas extrapolar essa curva para outros valores distantes do nosso intervalo de teste seria um erro grosseiro. Assim, o fato de ainda não termos encontrado vida no pequeno “intervalo” que “testamos” do universo, não nos permite extrapolar essa conclusão para o imenso restante desconhecido.
Conhecer mais e mais. Explorar o desconhecido. Essas são coisas que motivam os desejos mais intrínsecos do ser humano: superar seus limites. Temos ainda muito o que aprender. Isso levará muitos...muitos anos. A idéia do nosso curtíssimo tempo de vida na escala universal também não nos dá muita esperança de conseguirmos testemunhar um possível contato entre humanos e outra civilização inteligente. Mas, por tudo que importa, por que não tentar?

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